A vida é realmente muito da engraçadinha.Eu,que sempre fugi da sina de ser dona-de-casa(enchia os ouvidos da minha mãe com argumentos feministas-socialistas-filosóficos-psicológicos),estou aqui,preparando o jantar de minha irmã e fazendo faxina noturna.Direto em supermercados e feiras(mais precisamente na hora da xepa).Nunca imaginei algo semelhante na minha vida.Sem meus pais,que moram em outra dimensão.Nada fácil ser dona-de-casa.
Nesses últimos tempos,com minha mãe adoentada e minha irmã deficiente,perdi de vista a Carolina vaidosa,a Carolina alegrinha com seus achados de brechó e sebo,a Carolina estudante dedicada na Moda.Mal me via no espelho,eu não me olhava no espelho.Não tinha coragem,sei lá.Só sei que a Carolina tinha sumido,e dado espaço a uma garota que vegetava em relação a própria vida.Agora,o processo de me olhar no espelho novamente.Não está sendo fácil,porque realmente desaprendi.Aos poucos,voltar a enxergar a Carolina,depois de lavar a louça.
A verdade é que nunca fui boa em demonstrar o que sinto.Nunca fui de mostrar nada,aliás.Adoro conversar com todo mundo,mas nunca deixei que me vissem de perto.Nunca deixei que lessem minha alma.Principalmente quando estou triste ou frustrada.Prefiro me trancar no quarto,e só sair quando estiver minimamente bem.Mas nem sempre posso me enclausurar,e aí me calo.E as pessoas não entendem.Nunca sei se quero que entendam.
Aí entra a melhor coisa da minha vida:ARTE.Voltei a desenhar com certa frequência,e estou feliz com isso.Estou voltando a escrever também.E fotografando,pena que é com celular - a câmera do meu não é muito boa.Mas eu fotografo.A arte me cura de todo o mal.Me sinto realmente forte agora.Mesmo ariando panelas.
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Ando tendo uma espécie de vômito literário.Todo dia - ou quase - escrevo algo que vem das entranhas mesmo.Quando vomita-se demais,dói a garganta.No caso literário,corre-se o risco da tendinite.Mas,sinceramente,tô cagando pra isso.Quero vomitar!
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